É possível que a história vos pareça coisa à toa, sem pés e sem cabeça, mas o caso passou-se mesmo assim, tal como o conto,do principio ao fim. Eram um cão e um gato... e eram amigos... situação que não é muito vulgar pois que, por tradição, são inimigos... Por isso resolvi entrevistar-como se fosse um hábil jornalista-aqueles dois estranhos companheiros. Eis como decorreu a entrevista:-É bom vê-los assim, tão prazenteiros. Poder-me-ião dizer concretamente( este«concretamente» é de rigor, nas entrevistas feitas a primor)?- Foi de repente , foi e nasceu quando...-volveu o cão atenciosamente cada qual no seu canto separados trocando ainda olhares desconfiados, estávamos a ouvir ler os jornais. Assim sem mais nem mais. Sim tal e qual como o gato disse. Ouvimos tanta horrível patetice tanta maldade e tanto ódio à solta que sentimentos um impulso de revolta decidimos viver ambos em paz. Excelente decisão. Mas a humanidade é incapaz de seguir um exemplo tão sensato. A isto responderam cão e gato em coro como tendo uma só voz. Temos pena dos homens pode crer. Julgam-se superiores inteligentes imaginam-se os réis dos animais mas tendo pouco tempo para viver, só pensam em matar como dementes e até se gabam disso nos jornais.
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